Há coisas que você sabe que sabe; e há coisas que você não sabe que sabe; o dia em que você souber o que não sabe que sabe, você será capaz de ser você mesmo”.
Milton Erickson
A origem da palavra “hipnose”, introduzida no século passado por James Braid, médico cirurgião, escocês, considerado o iniciador da hipnose científica (1795-1860) provém do grego Hypnos, que na mitologia helênica significa deus do sono, chamado Somnus pelos romanos, inobstante tal fato, os estados hipnóticos não são obrigatoriamente tranqüilos e semelhantes ao sono. A história relata que muitos povos da antiguidade sabiam induzir o “sono mágico” e outras formas de transes grupais e individuais.
Hipnoterapia (Hipnose Clínica) é o tratamento psicológico que se utiliza da hipnose como técnica auxiliar, ou seja, é o uso da hipnose como coadjuvante em psicoterapia. A hipnose é um auxílio para a psicoterapia, uma ferramenta que pode ser usada por uma determinada abordagem psicológica, bem como também pode ser usada na medicina e/ou na odontologia. Ela usa técnicas diretivas de relaxamento, concentração intensa e atenção objetivando atingir um estado de consciência denominado transe. Geralmente os psicólogos que a utilizam são chamados de hipnoterapeutas, assim como os médicos são chamados de hipniatras, e os odontólogos de hipnodontistas. O Conselho Federal de Psicologia, através da Resolução CFP Nº 013/00 de 20 de dezembro de 2000, aprovou e regulamentou o uso da hipnose como recurso auxiliar de trabalho do Psicólogo. Segundo a American Psychological Association (APA), hipnose é uma interação cooperativa em que o paciente responde às sugestões do hipnotizador, interage com objetivos terapêuticos pré-elaborados. Ela é um estado alterado de consciência que se baseia na focalização do olhar em determinado ponto, no relaxamento muscular progressivo ou na recuperação de uma memória agradável. Ela possibilita que as pessoas vejam algumas coisas de forma diferente, como o bloqueio da percepção da dor (usada em casos de cirurgias), bem como que sintam emoções com intensidade, aguçada. Os benefícios da utilização da hipnose no campo da saúde, tem sido comprovada por vários estudos, inclusive através das neuroimagens em tomografias por emissão de pósitrons (PET) e ressonâncias magnéticas. O resultado de uma pesquisa belga apresentada em 2011 durante o congresso anual da Sociedade Européia de Anestesiologia, em Amsterdã, na Holanda, concluiu que a hipnose pode ajudar a anestesia local em cirurgias de câncer e tireóide. Segundo o estudo, a combinação reduz o espaço de tempo da internação, diminui a dor e o uso de medicamentos. Os cientistas avaliaram o impacto do emprego da anestesia local e hipnose em operações de certos tipos de câncer de mama e tireoidectomia (remoção total ou parcial da glândula tireóide), e concluíram que a técnica também pode evitar a recorrência de tumores e metástases. Segundo a professora Fabienne Roelants, que liderou o trabalho ao lado da dra. Christine Watremez, ambas da Clínica Universitária Saint-Luc, em Bruxelas, 18 entre 78 mulheres, usaram a hipnose em uma série de operações de câncer de mama, enquanto as outras receberam anestesia geral, e apesar das pacientes hipnotizadas terem passado alguns minutos a mais na sala de cirurgia, o uso de drogas nesse grupo sofreu redução, bem como o tempo de recuperação e internação. Atualmente são muito utilizadas a combinação das técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Hipnoterapia Cognitiva (interface entre a Hipnose Clínica e a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, esta última utilizada como plataforma teórica para a intervenção terapêutica) resultando grandes benefícios no tratamento de várias patologias.
Referências Bibliográficas
FACIOLI, Adriano Machado. HIPNOSE: Fato ou Fraude. Campinas, SP: Editora Alínea, 2006.
MONTENEGRO, Gil. Hipnose para o clínico: Um guia para o uso da hipnose na odontologia. São Paulo: Editora Santos, 2011.
SILBERFARB, Benomy. HIPNOTERAPIA COGNITIVA.1ª ed. São Paulo: Editora Vetor, 2011.
