Psicanálise

Sigmund Freud nasceu no dia 6 de maio de 1856, em Freiberg, Morávia (atual República Checa), e morreu em 1939, em Londres. Os seus pais eram judeus, oriundos da Galícia ucraniana e da Renânia alemã. Sua genitora, Amalie Nathanson, era a terceira esposa de Jacob Freud, um modesto comerciante de lã e tecidos (as esposas anteriores já haviam falecido). Em 1859, face a dificuldades financeiras, a família de Freud se mudou para Leipzig, na Alemanha, e posteriormente para Viena, capital do Império Austríaco, onde ele iniciou suas atividades escolares. Freud tinha dois meio-irmãos mais velhos: Emmanuel e Philippe, e após seu nascimento, vieram ao mundo mais sete irmãos: Julius, Anna, Débora, Marie, Adolfine, Pauline e Alexander.
Freud foi sempre um aluno destacado pela inteligência, e na Universidade muito se dedicou à pesquisa científica. Formado, iniciou sua carreira como pesquisador de laboratório e neurologista clínico, fato que o levou a visitar o mais famoso neurologista da época, Jean-Martin Charcot, com quem passou quatro meses trabalhando, sendo histeria e hipnotismo os focos principais dos seus atendimentos, o que concorreu para o seu inestimável entusiasmo pelo estudo das neuroses e da psicologia, permanecendo até hoje como um dos médicos mais célebres e controversos do século XX.
No fim do século XIX/início do século XX, Freud desenvolveu a teoria psicanalítica, a qual está intimamente relacionada a sua prática psicoterapêutica, e calcado nesse corpo teórico, na prática psicoterapêutica nela baseada, bem como nos métodos utilizados, desenvolveu um tipo de psicoterapia a que deu o nome de psicanálise, a qual se predispõe ao estudo do funcionamento da mente humana, tanto sob o prisma da normalidade, quanto sob o prisma patológico.

A psicanálise atribui grande importância aos fenômenos do inconsciente, e segundo ela, muitos dos atos de nossa vida, não apenas os instintivos, mas também os aparentemente reflexivos se realizam sem que deles tenhamos consciência, todavia, se os impulsos e tendências do inconsciente forem contrários à orientação da nossa consciência, eles não se realizam abertamente, porque a censura os recalca, e embora não sejam expurgados, continuam agitando o inconsciente e provocando conflitos psíquicos, uma vez que os conteúdos subjetivos da vida mental não são facilmente acessíveis à investigação científica e forças poderosas trabalham para se oporem às tentativas de investigação desses conteúdos, os quais se expressam clinicamente como sendo: vergonha, culpa, ansiedade e outras resistências.

Ao escutar seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originavam da inaceitação cultural, ou seja, que seus desejos eram reprimidos, relegados ao inconsciente, bem como, que muitos desses desejos se tratavam de fantasias de natureza sexual. Atribuiu um sentimento bastante amplo à noção de libido e da sexualidade, que, na concepção psicanalítica, não se restringe ao âmbito da região genital, mas abrange toda uma série de fenômenos relacionados com a obtenção do prazer corporal. Segundo a psicanálise, a criança passa nos primeiros meses de vida por uma fase de sexualidade difusa por todo o corpo, e que somente mais tarde se concentrará nas zonas erógenas.

Freud começou sua auto-análise em 1897, e três anos depois publicou A Interpretação dos Sonhos (1900), considerada por muitos como seu mais importante trabalho, apesar de, na época, não ter recebido quase nenhuma atenção. No ano seguinte publicou outro livro importante, Psicopatologia da Vida Cotidiana, e a partir daí elaborou uma série grandiosa de várias outras obras, muitas das quais foram queimadas pelo nazistas.

Em 1923, ao publicar o livro O Ego e o Id, Freud expôs uma divisão da mente humana em três partes: 1ª) o ego que se identifica à nossa consciência; 2ª) o superego, que seria a nossa consciência moral, ou seja, os princípios sociais e as proibições que nos são inculcadas nos primeiros anos de vida e que nos acompanham de forma inconsciente a vida inteira; 3ª) o id, isto é, os impulsos múltiplos da libido, dirigidos sempre para o prazer.

O método psicanalítico baseia-se principalmente nas associações livres feitas pelo paciente, as quais são especificadas e interpretadas pelo psicanalista que procura entender o funcionamento de sua mente em relação à sua resistência, à transferência e ao desejo. O verdadeiro choque moral provocado pelas idéias de Freud serviu para que a humanidade rompesse, ou pelo menos repensasse muito de seus tabus e preconceitos na compreensão da sexualidade e atingisse um elevado nível de refinamento e profundidade na busca das verdades psíquicas do ser humano.

Para a psicanálise, o comportamento é regido por uma série de forças, as pulsões e as necessidades internas de um lado e as exigências sociais de outro, portanto, o objetivo do comportamento seria a diminuição dessa tensão interna. Embora não seja possível abordarmos diretamente o inconsciente, o conhecemos através das suas manifestações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no corpo.

O método básico da psicanálise é o manejo da transferência e da resistência em análise. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente (método de associação livre). Seus desejos, angústias, sonhos e fantasias são de especial interesse na escuta, bem como todas as experiências por ele vivenciadas são trabalhadas em análise. Os sonhos constituem o melhor caminho para descobrir e entender o inconsciente, sendo as suas características semelhantes às alucinações advindas dos distúrbios mentais, ou como disse Freud, os sonhos são, “alucinoses dos indivíduos sãos”. Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade, uma postura de não-julgamento, visando criar um ambiente seguro.

Posteriormente a Freud muitos outros psicanalistas contribuíram para o desenvolvimento e importância da psicanálise, como por exemplo: Melanie Klein, Winnicott, Bion e André Green, todavia, a principal virada no seio da psicanálise, que conciliou ao mesmo tempo a inovação e a proposta de um retorno a Freud veio com o psicanalista francês Jacques Lacan, sendo que outros importantes autores surgiram e convivem em nosso tempo, como Françoise Dolto, Serge André, J-D Nasio e Jacques-Alain Miller.
Atualmente a psicanálise já não se limita à prática, tendo uma amplitude bem mais ampla no campo da pesquisa, centrada em outros temas e cenários, desenvolvendo-se como uma ciência autônoma, sendo portanto conflituoso se afirmar ser ela uma disciplina da Psicologia, ou uma Psicologia própria.

Bibliografia:

Cordioli, A. V. Psicoterapias: abordagens atuais. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
Fadiman, J. Frager, R. Teorias da personalidade. São Paulo: HARBRA, 1986
Zimerman, David E. Manual de técnica psicanalítica: uma revisão. Porto Alegre: Artmed, 2004

Neuropsicólogo Pedro Freitas Neto

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