Neuropsicologia

Neuropsicologia é a área da psicologia e das neurociências que estuda as relações entre o sistema nervoso central, o funcionamento cognitivo e as manifestações comportamentais oriundas dessas relações. Seu foco de atuação abrange principalmente o diagnóstico complementar e as intervenções clínicas voltadas para os diversos quadros patológicos decorrentes de alterações do sistema nervoso central, bem como pesquisa experimental e clínica na presença ou não de afecções. Estuda a relação entre o comportamento, a cognição e o funcionamento cerebral em condições normais ou patológicas, objetivando principalmente investigar como as mais variadas lesões geram déficits na cognição humana, para em consequência melhor possibilitar intervenções. Sua natureza é multidisciplinar, tomando apoio na anatomia, fisiologia, neurologia, psicologia, psiquiatria, etologia, entre as mais importantes. No Brasil, o título de Neuropsicólogo é exclusivo para psicólogos que tenham comprovada formação na área e no tema, a partir de verificações realizadas através de provas ou cursos de especialização reconhecidos pelo CFP - Conselho Federeal de Psicologia. Segundo a resolução nº 013/2007 do CFP, Neuropsicólogo tem competência para fazer diagnóstico, acompanhamento, tratamento e realizar pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral. Segundo Daniel Fuentes (2008), a neuropsicologia procura compreender como se estabelecem as relações entre o funcionamento do sistema nervoso central (SNC), as funções cognitivas e o comportamento. Ao receber e interpretar as informações sensoriais, ao comunicar-se com os outros e ao agir no mundo pela linguagem e pela motricidade, forjando sua continuidade e, pela memória, forjando uma identidade coerente, o cérebro exprime as lesões sofridas em desordens comportamentais. Essa é a razão pela qual a neuropsicologia também é chamada de neurologia comportamental. Embora nos idos tempos da Antiguidade se acreditasse que o coração fosse a sede do pensamento, porém, estudos indicam que já por volta de 5000 anos a.C., trepanações eram feitas com finalidade terapêutica, vemos assim que os primeiros estudos da neuropsicologia foram realizados naquela época. Por sua vez, Pitágoras trouxe as observações mais remotas do cérebro como sendo o órgão responsável pelo pensamento e pelas sensações, com áreas específicas relativas às diferentes modalidades sensoriais como a visão, a audição, etc (Feinberg & Farah, 1997). Luria e Vigostski deram grandes contribuições ao desenvolvimento da Neuropsicologia, principalmente no que se refere à localização das funções cerebrais, alterando as noções de centros da ação reflexa a partir dos analisadores corticais fixos propostos por Pavlov como centros da ação reflexa para um sistema de localização funcional, dinâmica e mutável, bem como deram grandes contributos com seus estudos no campo da neuroplasticidade das funções nervosas. Nos escritos de Gil (2005), encontra-se três objetivos para a neuropsicologia, são eles: diagnósticos, terapêuticos e cognitivos. A análise semiológica dos distúrbios permite que se proponha uma sistematização sindrômica da disfunção do comportamento e do pensamento, que se firme o substrato das lesões e que se formule as hipóteses sobre a topografia dessas lesões. Segundo ainda Gil, já se foi o tempo em que apenas um procedimento clínico minucioso permitia deduzir a localização das lesões, cuja prova final seria a necropsia. As imagens modernas, sejam elas de base radiológicas (tomografia computadorizada) ou não (imagem por ressonância nuclear magnética), poderiam fazer com que nos contentássemos com uma neuropsicologia sumária, quando a estratégia de tratamento é essencialmente orientada na nosologia: assim, uma hemiplegia direita com afasia de aparecimento brutal bastaria para se ter a suspeita de um infarto silviano, que seria ou não confirmado pela imagem. A biologia desse infarto, as investigações cardiovasculares e a angiografia esclareceriam sua etiologia e permitiriam determinar a prevenção de uma recidiva. No entanto, o autor enfatiza que o procedimento neuropsicológico convida a lançar um olhar sobre o doente, para complementar o procedimento etiológico: a análise detalhada do distúrbio da linguagem permite uma melhor compreensão da desordem do doente e, assim, a sensibilização para a reeducação, que é o segundo objetivo, pragmático, da neuropsicologia. Finalmente, o conhecimento dos distúrbios provocados pelas lesões do cérebro, possibilita o levantamento de hipóteses sobre o funcionamento do cérebro normal: esse é o terceiro objetivo, cognitivo, da neuropsicologia, que cria um vínculo entre a neurologia do comportamento e as ciências ditas humanas. Alguns autores ao tratar da avaliação neuropsicológica, fazem abordagem a Neuropsicologia Clínica, frisando que ela engloba o desenvolvimento de técnicas de exame e diagnóstico de alterações, enfocando principalmente as doenças que afetam o comportamento e a cognição, outros, ao se referir a Neuropsicologia Cognitiva, diz ser ela considerada como um campo interdisciplinar contendo informações tanto da Neurologia como da Psicologia Cognitiva, investigando a organização cerebral das habilidades cognitivas. Ressalta-se que a avaliação neuropsicológica é muito utilizada na identificação de declínio cognitivo, dos prejuízos de áreas cerebrais em alterações neurológicas (como traumatismo crânio-encefálico, epilepsia, acidente vascular cerebral), distinção entre síndrome psicológica e neurológica (como a depressão e a demência), bem como, através do seu resultado é possível considerar uma intervenção reabilitadora. A reabilitação cognitiva foca-se nas funções cognitivas deficitárias e visa à melhora da condição do paciente, tanto no âmbito neuropsicológico, como da qualidade de vida.

Bibliografia

Bertolucci, Paulo H.F. Guia de Neurologia. Barueri, SP:Manole, 2011.
Macedo,Elizeu C de M. Avanços em Neuropsicologia. São Paulo: Ed. Santos, 2007
Gil, Roger. NEUROPSICOLOGIA.São Paulo: Ed. Santos, 2005
Malloy-Diniz, Leandro F. Avaliação Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed,2010.
Nitrini, Ricardo, NEUROPSICOLOGIA.Das bases anatômicas à reabilitação. 1ª ed.São Paulo:USP, 2003.

Neuropsicólogo Pedro Freitas Neto

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